Já fazem trezentos e vinte cinco dias. Nesse tempo parece que mudei tanto quanto parece que paralisei. Trezentos e vinte cinco dias! Já não busco entender a não existência. Eu vivo com ela. A não existência é uma coisa e não a falta de uma coisa. Foram muitas fases. Acho que demorou pelo menos dois … Continue lendo DIÁRIO DE LUTO
PRAGA DE MULHER
Conjurei uma praga naquele que achava que eu andava só, que não sabia que tinha mil caboclos a acompanhar meus passos. Que não respeitou a energia selvagem que alimenta, pois quem não respeita a dor da morte, merece tormenta. Usou riso para brincar com o outro coração, para sentir-se um pouco maior que meu um … Continue lendo PRAGA DE MULHER
SALTO ALTO
Pela rua de paralelepípedo caminha de salto Com o coração pedinte E um corpo sensível ao toque do vento Sem saber se dentro é fora, se fora é dentro No quente do verão ela aguenta a dor do peito no pé, A dor do peito do pé a pulsar Caminha esperançosa com mamilos atentos à … Continue lendo SALTO ALTO
O PULO
Dizer ao mundo que renasci que do alto pulei que não morri ressuscitei reencarnei outra mulher portando em ombros o peso da dor-saudade sem cura com desejos infindos imundos livres lindos que em berros gritei dos quatro cantos do meu submundo do fundo: fecundo forte na paz de ser ordinária comum banal sem viver reprimida … Continue lendo O PULO
SONHO
Sonhei que ria e gargalhava Enquanto dormindo meu corpo pesava Já de criança bem me era claro No sonho eu acreditava Vivia em outra dimensão Mesmo que insistiam que era travessura da imaginação Hoje adulta eu ainda creio confiante No sonho como oportunidade De viver o que não tenho plena visão Jesus dizia que um … Continue lendo SONHO
O TÍTULO VEM DEPOIS
O quanto nós podemos mudar de um ano para o outro? De um mês para o outro? De um dia para outro? De uma hora para outra? Muito! Aqui me coloco pelada de regra, não quero saber de regra gramatical, não quero saber de regra e normatividades. A norma limita. Limita a ponto de nos … Continue lendo O TÍTULO VEM DEPOIS
A AVE NA PRAIA
Na beira mar uma pombinha descansava em morte. Cada um que passeava feliz em suas férias esboçava um olhar de tristeza, outros negavam a encontrar o olhar, outros eram só curiosos. As pessoas sempre estavam muito de passagem à performance mortífera da ave que com sua cabecinha e biquinho de lado descansava desse plano.Cheguei mais … Continue lendo A AVE NA PRAIA
LUMINESCÊNCIA
Haveria que em processo longo e suado colocasse no papel tudo que inspiro e transpiro em ofegânciaA começar no útero e como enchente tomar conta de braços, mãos e dedosSabe-se lá onde se guarda toda essa água quando represaPouco me parece ser no peito, porque em tudo parece pulsar.Haveria de, por horas, transformar em palavras … Continue lendo LUMINESCÊNCIA
A PALAVRA É MEU DOMÍNIO SOBRE O MUNDO
Um querido professor muito falava que não existe inspiração para a escrita e sim que há trabalho, muito trabalho. Mesmo lá atrás quando os poetas gregos invocavam as musas pedindo permissão para cantar uma poesia não me soa como inspiração. Essa entidade tão mística, me parece ter mais relação com um estado de trabalho mental, … Continue lendo A PALAVRA É MEU DOMÍNIO SOBRE O MUNDO
MINHA ZONA DE CONFORTO É A ZONA DE CONFLITO
Sempre tive dificuldade em escrever em terceira pessoa. É difícil se colocar no lugar comum. É do meu íntimo que vêm, desse modo, como não usar o eu? Talvez eu tenha aprendido a escrever por meio da escrita terapêutica antes mesmo de saber o que é isso. Aprendi a escrever com Clarice e essa foi … Continue lendo MINHA ZONA DE CONFORTO É A ZONA DE CONFLITO